Queimadas
Onde há fumaça nem sempre há fogo
20 de julho de 2020O presidente do Grupo Suzano afirmou em interessante entrevista ao jornal O Estado de São Paulo (12/07/2020): “O país ficou mais exposto em função das queimadas da Amazônia que voltaram a crescer”. O curioso é que o monitoramento orbital de queimadas do INPE *indica exatamente o contrário* (http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/portal-static/situacao-atual/). De primeiro de janeiro… Ver artigo
O presidente do Grupo Suzano afirmou em interessante entrevista ao jornal O Estado de São Paulo (12/07/2020): “O país ficou mais exposto em função das queimadas da Amazônia que voltaram a crescer”. O curioso é que o monitoramento orbital de queimadas do INPE *indica exatamente o contrário* (http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/portal-static/situacao-atual/).
De primeiro de janeiro até 11 de julho deste ano, o INPE registrou 8.766 pontos de calor no bioma Amazônia contra 11.373 no mesmo período em 2019. Até agora observa-se *uma redução de 22% nas queimadas* e não um crescimento. Em todo o Brasil, o INPE registrou 27.962 pontos de calor contra 27.780 em 2019. Uma variação de 0%.
Em tempos de posições tão tensionadas na temática ambiental, algumas narrativas já não trazem apenas opiniões diferentes sobre fatos. Elas simplesmente ignoram os fatos. Essa fumaça sem fogo e sem ciência não ajuda na busca de soluções, por melhores que sejam as intenções.
ÁFRICA EM CHAMAS

Imagem da NASA – Queimadas na Amazônia e na África.
Hoje, ao analisar a dinâmica das queimadas na Amazônia, recuperei esta *imagem dos fogos ativos na vegetação do mundo nas últimas 24 h*, gerada pelo Fire Information for Resource Management System (FIRMS) do Earth Science Data and Information System (ESDIS) da NASA.
Veja a concentração do fogo na segunda maior floresta tropical do mundo, a da bacia do Congo na África e na ilha de Madagascar. Comparem com a concentração na Argentina e no bioma Amazônia.
Vendo este mapa de focos de fogo no mundo, publicado hoje (18/7/2020) pela NASA, você diria que a preocupação internacional é só com a preservação das florestas, sem intenção de criar barreiras à agropecuária brasileira?
Evaristo de Miranda, doutor em ecologia, pesquisador da Embrapa Territorial